A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor), deflagrou nesta quinta-feira (25/09) a Operação Fratelli Bianchi, com o objetivo de desarticular um núcleo de organização criminosa que, há anos, atua no DF e em municípios do Entorno.

As investigações começaram em julho de 2025, após a Draco identificar ligações entre materiais apreendidos em operações anteriores contra o tráfico de drogas e uma facção criminosa com ramificações tanto nas ruas quanto dentro do sistema prisional.

Usura violenta e lavagem de dinheiro

Segundo a PCDF, esse braço da organização operava de forma autônoma e destinava parte dos lucros do tráfico de drogas para práticas de agiotagem com juros extorsivos, marcadas por métodos violentos. Entre as práticas constatadas estavam ameaças a familiares das vítimas, uso de armas de fogo e até retenção de veículos como forma de pressão para o pagamento das dívidas.

As apurações também revelaram um esquema de lavagem de capitais por meio de empresas de fachada e de interpostas pessoas, criado para ocultar patrimônio e dissimular a origem ilícita dos valores movimentados.

Mandados e apreensões

Durante a fase ostensiva da operação, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e nove mandados de busca e apreensão e de sequestro patrimonial, em Águas Claras, Ceilândia e Samambaia (DF), além de Alexânia (GO).

A ação resultou no sequestro de imóveis e veículos, no bloqueio de dezenas de contas bancárias e na apreensão de mais de 100 kg de maconha.

Estrutura da operação

A operação mobilizou cerca de 90 policiais civis, incluindo equipes do DECOR, da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Polícia Civil de Goiás (Regional de Águas Lindas).

Dois dos principais investigados já acumulam condenações expressivas: um deles soma mais de 46 anos de prisão por homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

De acordo com a PCDF, um homicídio praticado por um dos líderes contra outro integrante da facção chegou a ser tolerado pela cúpula criminosa, fato que acabou fortalecendo sua posição e consolidando sua liderança dentro do grupo.

Penas previstas

Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, extorsão qualificada pelo emprego de arma de fogo e concurso de pessoas, usura (agiotagem) e lavagem de capitais. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de reclusão, além de multa.

Origem do nome

O nome “Fratelli Bianchi” (em tradução livre, “Irmãos Brancos”) faz referência ao fato de que dois dos principais investigados são irmãos conhecidos pelo envolvimento com o tráfico de cocaína.